quinta-feira, 21 de março de 2013

CARAMUJOS INFESTAM BAIRROS DE DOURADOS


A cidade de Dourados está infestada com caramujos gigantes da espécie Achtina fulica. A proliferação é sentida em épocas de chuva e umidade conforme se registra nos últimos dias.
Moradores de bairros próximos a córregos ou terrenos baldios mal conservados são os mais prejudicados. De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) em épocas de chuva o caramujo, que geralmente está hibernado debaixo da terra, “ganha vida” e sai para buscar alimento e se proliferar.

O aposentado Wilson Medeiros relata o drama vivido por ele a família com a invasão dos moluscos. Ele conta que de centenas de caramujos no ano passado, a casa dele passou a abrigar milhares, hoje. Medeiros conta que eles estão por toda a parte e que, por pouco, não invadiram a casa dele. “Tenho árvores frutíferas como bananeiras, acerola e goiaba. Os caramujos sobem nestas árvores e acabam com tudo. Eu venho fazendo a limpeza diária, jogando sal e queimando com álcool mas não estou dando conta”.

O biólogo do CCZ, Jalmir da Silva Ferreira Júnior, explica que na maior parte do tempo o caramujo fica imperceptível dentro das cascas, na terra. “Quando chove, eles que antes estavam em estado de dormência ganham vida, saem para se alimentar e proliferar. O principal habitat é o local úmido, como debaixo de folhas e materiais de construção”, destaca.

Segundo ele, é importante manter o quintal limpo e sem condições de habitat para o molusco. Ele também recomenda que a única forma de conter os caramujos, de maneira segura, é através da coleta manual e incineração, já que nenhum lesmicida é autorizado ou recomendado pelo Ministério da Saúde para ser usado, neste caso.
“O morador precisa utilizar sempre luvas para evitar doenças. Ele recolhe os caramujos, coloca em um latão de lixo e incinera. A água com sal desidrata o caramujo, mas os vermes contidos no molusco, principalmente no musgo, continuam a transmitir doenças”, conta.
A angiostrongilíase meningoencefálica humana (ou Meningite Eosinofílica) e a angiostrongilíase abdominal são as principais doenças. Ambas podem levar à morte, segundo o biólogo.

A forte concentração da espécie se deve à ausência de predadores naturais. O molusco foi trazido há mais de mais de 20 anos da África para o Brasil.
Confundido com o escargot, ele acabou sendo abandonado porque não dava lucro aos produtores. Os criadores jogaram os moluscos nos rios e córregos de Dourados. Como eles precisam de água para se reproduzir, acabaram se proliferando em grande quantidade e infestando bairros.

Segundo o biólogo, o CCZ vem fazendo a orientação técnica para a população todos os dias. por telefone ou visitas. A idéia é orientar as famílias sobre como fazer algumas modificações no quintal que podem afastar os “invasores”.

Recentemente, na rua 20 de dezembro, no Jardim Água Boa, os moradores estavam se desdobrando para conter os caramujos. O vendedor Alcides Monango calcula os prejuízos. “Pela manhã a calçada da minha casa e o fundo são tomados por caramujos. Todos os dias retiro latas lotadas deles e coloco fogo mas eles continuam por toda a parte”.

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